Você é cybercondríaco? Cuidado!
Arte: Bruno Araújo / Galamba Consultoria em Seguros
Que atire a primeira pedra quem nunca pesquisou por um sintoma de doença na internet. Pois é, esse é um fenômeno típico da contemporaneidade, a cybercondria (do inglês, cyberchondria, sendo cyber referente à tecnologia e chondria, desordem obsessiva) é caracterizada pela busca excessiva de informações sobre doenças, que transcorre num quadro de ansiedade desproporcional.
Aliando-se à prática irresponsável da automedicação, a cybercondria representa risco real para o indivíduo acometido pelo distúrbio, e para seus familiares, muitas vezes crianças e idosos.
Os hipocondríacos da era digital resolvem estabelecer diagnósticos de forma onipotente. Fazem buscas pela internet e baseiam-se em sintomas, relatos do mundo virtual, informações em exames realizados em momentos diferentes, e experimentação de remédios, para determinar as suas doenças. A pessoa acredita que esta é uma maneira eficiente para solucionar problemas de saúde, e deixa de procurar a ajuda especializada dos médicos. Alguns cybercondríacos vão ao consultório levando o seu diagnóstico definido, e exigem um tratamento avançado para o problema que acreditam ter. E não é raro esses pacientes se recusarem a passar pela avaliação do médico.
A cybercondria e os traumas atuais
Fato é que tanto a hipocondria quanto a cybercondria, como qualquer outro desarranjo de ordem psiquiátrica, também podem advir de traumas e a pandemia já se mostra como possível propulsora de novos casos. Além de as pessoas terem se isolado por necessidade ou por conta do trabalho remoto, lidou-se a todo o momento com a questão da finitude da vida.
Em um estudo recente realizado na Itália, mais de 40% dos entrevistados declararam ter sido muito difícil resistir ou parar de usar a internet para buscar informações sobre a saúde na Covid-19.
Por falar no vírus propriamente dito, ainda que a população tenha contado com a disponibilidade de conteúdos confiáveis, como no próprio site do Ministério da Saúde e outros, também houve uma alta incidência de profissionais e influenciadores digitais publicando informações errôneas sobre a doença, com base em experiências pessoais e muitas vezes sem respaldo científico, como relembra Dr. Ivan Mario Braun, psiquiatra e doutor em Medicina pela Faculdade de Medicina da USP, em entrevista à Gama Revista. Para ele, uma filtragem sistematizada poderia combater o desserviço e ajudar as pessoas a adquirirem um conhecimento prévio de qualidade, antes da consulta médica.
“Quem não sabe o que procura, não identifica o que acha.”
A frase do filósofo Immanuel Kant se encaixa perfeitamente nesse assunto. Tentar classificar doenças apenas por um ou mais sintomas é um grave erro. O mesmo sintoma pode indicar quadros distintos, e que exigem tratamentos diferentes. Portanto, é indispensável que um profissional médico faça a análise do indivíduo, avalie o seu histórico clínico, a sua condição geral e emocional, exames físicos e laboratoriais, entre outros, exigidos conforme a especialidade médica necessária para o tratamento. E tão importante quanto ter acesso ao diagnóstico correto feito pelo médico especialista, é o paciente aceitar o diagnóstico e seguir as orientações indicadas para a sua recuperação.
*Com informações de: FCM Santa Casa SP e Gama Revista