Seguro não dá para pagar dano
O Tempo – 18/11/2015
Cobertura para recuperar patrimônio da empresa é 17,7 vezes maior que fatia para indenizações.
O valor da apólice de seguro da Samarco é um segredo que a empresa não revela, alegando confidencialidade contratual. Entretanto, com base em comentários feitos por investidores e pelo diretor de finanças da Vale, Luciano Siani, é possível estimar que a parte destinada a cobrir danos patrimoniais – como a barragem rompida – é no mínimo 17,7 vezes maior que a cobertura para responsabilidade civil, na qual entrariam indenizações e reconstrução das casas e dos distritos afetados pela tragédia, por exemplo. Ao que tudo indica, os impactos ambientais nem sequer estão previstos na apólice, que nem de longe seria suficiente para cobrir todos danos.
Durante teleconferência da Vale para investidores, há dois dias, Siani afirmou que o valor referente à responsabilidade civil é menor que a multa de R$ 250 milhões aplicada pelo Ibama à Samarco. Ainda durante a conferência, foi citado por um representante do Credit Suisse (banco suíço de investimento) que, segundo nota explicativa da Samarco, a apólice seria de US$ 1,17 bilhão, ou R$ 4,68 bilhões. Mesmo que a parcela da responsabilidade civil chegasse a R$ 250 milhões, sobrariam R$ 4,43 bilhões para cobrir o risco do negócio – que inclui o patrimônio da empresa, danos a equipamentos e prédios.
“No que diz respeito à responsabilidade civil, o seguro da Samarco é bem inferior já aos primeiros valores que estão se discutindo de indenizações. Ele, por exemplo, é inferior à própria multa que o Ibama já aplicou à companhia. Então deve-se pensar no seguro mais como uma cobertura para interrupção de negócio do que como uma cobertura para responsabilidade civil”, disse Siani.