Janeiro Branco: por que um mês dedicado à saúde mental?

 

Você sabia que o Brasil é o país mais ansioso do mundo? De acordo com estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS), 9,3% da população já teve a ansiedade diagnosticada. Além disso, segundo dados da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), o país ocupa o segundo lugar das Américas em número de pessoas com depressão (5,8%), ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

E o problema não para por aí! De todas as pessoas que sofrem com algum transtorno mental em países com alta renda, cerca de 35% a 50% não recebem o tratamento adequado. Em regiões onde a renda é menor, o percentual é ainda mais preocupante, podendo chegar a 85% de pacientes sem tratamento, seja ele terapêutico ou medicamentoso.

Por isso, o Janeiro Branco surgiu para ampliar o debate em torno da saúde mental e reforçar a importância do cuidado com a mente, reunindo profissionais de saúde e instituições públicas e privadas em torno de um único propósito. Em 2022, o tema da campanha é “O mundo pede saúde mental” e diversas ações serão realizadas em todo o país.

Quer saber mais sobre a data e o que você pode fazer para participar? Então continue lendo este artigo que a gente explica!

 

Surgimento da data

O Janeiro Branco foi criado em 2014, por um grupo de psicólogos na cidade de Uberlândia, em Minas Gerais. E, ao contrário do que muitos pensam, a campanha não tem como objetivo apenas evitar e combater doenças como ansiedade ou depressão. O propósito da data também é cuidar do bem-estar mental e emocional da população e promover uma cultura em que a saúde mental é prioridade todos os dias.

Outra curiosidade sobre o movimento é que ele é exclusivo do Brasil! Em outros países, ele é conhecido somente como “mês de conscientização sobre saúde mental” e costuma acontecer em maio. Os primeiros registros da campanha datam de 1949, quando ela foi celebrada pela primeira vez, nos Estados Unidos.

Entretanto, a nível global, o Dia Mundial da Saúde Mental é celebrado no dia 10 de outubro, que é a data oficial considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

Por que Janeiro Branco?

Você deve estar se perguntando por que o Brasil celebra a saúde mental em janeiro então, não é? E por que será que a cor escolhida foi a branca? A razão é simples! O primeiro mês do ano tem um significado especial e simbólico para a maioria dos brasileiros.

Muitas pessoas o encaram como um período de renovação, onde estão mais propensas a pensarem sobre a vida e reavaliar suas atitudes. É um mês atrelado à inspiração e ao recomeço. Por isso, também a cor escolhida para celebrar a data é o branco, para simbolizar uma folha ou tela em branco, em que cada um possa escrever ou reescrever a própria história.

 

Saúde mental no Brasil

Como nós falamos no início do artigo, o Brasil é o mais ansioso do mundo e o segundo mais depressivo das Américas. Entretanto, nos últimos dois anos, devido à pandemia do novo Coronavírus, o número de casos de transtornos mentais no país cresceu consideravelmente.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito em 2020. O resultado coloca o país em quinto lugar no ranking de agravamento dos transtornos mentais, ficando atrás apenas dos seguintes países:  Itália (54%), Hungria (56%), Chile (56%) e Turquia (61%).

Os grupos que mais relataram piora da saúde mental foram pessoas idosas, pacientes com transtornos pré-existentes e mulheres, principalmente as que possuem dupla jornada, ou seja, precisam conciliar o trabalho e os afazeres domésticos.

Ainda segundo a pesquisa, dos 53% que viram sua saúde mental piorar, apenas 13% sentiram uma melhora significativa no bem-estar emocional em 2021, enquanto 35% acreditam que ainda irá demorar para voltar ao estado normal, reforçando ainda mais a importância do Janeiro Branco em 2022.

 

Cuidados com a saúde mental

O Janeiro Branco acontece durante apenas um mês, mas o cuidado com a saúde mental deve ser mantido durante o ano todo. Confira algumas dicas para cuidar do seu bem-estar mental todos os dias.

Reconheça seus sentimentos: Tudo bem sentir medo, receio ou tristeza. Nenhuma emoção é negativa, contanto que a gente a reconheça e aprenda a lidar com ela. Acolha seus sentimentos e procure pessoas de confiança para conversar sobre eles. Pode ser um amigo, alguém da família ou um profissional da psicologia, caso você ache necessário.

Recorra ao que te faz bem: Todos nós temos estratégias e ferramentas que usamos em momentos de crise para tentar minimizar o sofrimento. Mapeie quais atitudes ajudam você a ter mais estabilidade emocional e não hesite em usá-las quando sentir ansiedade, medo ou tristeza. Porém, tome cuidado para que elas não virem uma espécie de mecanismo de defesa que te impedem de lidar com a realidade.

Encontre a melhor forma de lidar com o estresse: Estresse é algo inevitável no dia a dia. Por isso, ao invés de tentar fugir dele, procure a melhor forma de gerenciá-lo. Pode ser através de exercícios de respiração, ioga, meditação, leitura ou trabalhos manuais. Já se você é do time que prefere extravasar, busque atividades que requerem bastante energia, como corrida, boxe e outros esportes.

Invista no pertencimento social: Sentir-se parte da comunidade pode ajudar, e muito, a sua saúde mental! Por isso, experimente participar e estimular ações compartilhadas de cuidado no ambiente em que você vive. Pode ser fazer uma doação, se oferecer para ajudar com os cuidados de alguém da família ou facilitar a rotina de trabalho de um colega. Tudo isso ajuda a estreitar as relações com as pessoas com as quais você convive diariamente e compartilha a maior parte do seu tempo.

Cultive sua rede socioafetiva: Mantenha contato, mesmo que virtual, com familiares, amigos e colegas. Não precisa conversar com eles todos os dias, mas é importante que eles saibam que você está presente e disposto a ajudá-los sempre que for preciso. Lembre-se: quem ajuda um, ajuda a todos e, com certeza, uma hora a boa ação volta para você.

Limite o seu consumo de informações: Informe-se apenas de fontes confiáveis e reduza o tempo que você passa lendo, assistindo ou ouvindo as coberturas midiáticas. Tentar absorver todas as informações de uma vez pode tumultuar os pensamentos e até servir de gatilho para uma crise de ansiedade ou síndrome de “FOMO”, expressão que significa “medo de estar perdendo alguma coisa” (fear of missing out, em inglês), muito atrelada às redes sociais.

Busque ajuda profissional: Quando as estratégias utilizadas para preservar o seu bem-estar mental não estiverem sendo suficientes, não hesite em procurar ajuda profissional. Se você estivesse com um problema no coração, você não pensaria duas vezes em procurar um cardiologista, certo? Com a mente não é diferente. Psicólogos e psiquiatras são treinados para ajudar você a cuidar dessa parte do corpo.